No presente texto, aborda-se os termos “e-administração”, “e-governação” e “e-democracia”, à luz de valores da boa governação pública existentes nos ordenamentos jurídicos de Portugal, da Espanha e da União Europeia (UE). São feitas considerações sobre seus resultados diante dos “cidadãos analógicos”, que estão, principalmente, entre os mais idosos, os mais pobres e os menos escolarizados. Concluiu-se que, para eliminar os malefícios advindos deste “fosso digital”, importa que, na atual fase de transição, a digitalização da Administração seja promovida em paralelo com adequados canais não eletrónicos. Não se pugna por um retrocesso na digitalização. Outrossim, pretende-se manter vivo o debate sobre os riscos advindos de novas tecnologias na administração pública, se não houver literacia e acessibilidade digitais, em especial no que diz respeito ao exercício de direitos já consagrados, relacionados à participação democrática dos cidadãos.